quinta-feira, 19 de maio de 2011

li isto algures num blog..pareçeu-me ..familiar

Os Desgostos de Amor

Se me perguntarem do que mais tenho saudades no passado não é dos desgostos de amor.
De cada vez que os vejo bem lá atrás, enterrados às três pancadas, bem fundo, ou apenas à superfície sorrio pela paz, pelos dias sem atritos do presente.
Ainda lembro quando a dor me toldava a vida inteira, consumindo-me como uma espécie de sombra que me perseguia em cada música, filme, café, rua, perfume. Nada me trazia o esquecimento, nenhuma conversa era suficientemente anestesiante, nenhum filme suficientemente poderoso, nenhum livro ultrapassava o desgosto sentido bem nas entranhas de mim. Encarar os outros um martírio, explicar o que se passava uma tortura.
Nada, rigorosamente nada me esvaziava daquilo que me enchia o que precisava de espaço. Queria respirar e doía, queria conversar sobre outra coisa qualquer, mas na minha voz apenas habitava o desabafo, queria olhar um espaço em branco, mas tudo se preenchera com a sua imagem.
Os desgostos de amor consomem muito de nós e nada os aplaca além de um dia atrás do outro. Só mesmo o tempo, por muito lugar comum que possa soar, nos dá outra perspectiva de tudo.
Os desgostos de amor são como uma morte ao contrário, como ter que aprender a viver sem alguém que está vivo e ao nosso lado. Enterrar uma pessoa que vive é das tarefas mais hercúleas que se podem dar ao coração e o meu não tem a menor saudade de se sentir magoado.

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